Misión Bolivia - documental (subtítulo en español)
Finalmente você pode descansar, Roger
Dois anos e três meses depois de sua morte, Roger Pinto Molina pode finalmente descansar. O homem que ordenou a perseguição implacável contra ele, destruindo sua carreira política e agredindo sua reputação, finalmente perdeu o poder: Evo Morales, o ditadorzinho boliviano que renunciou domingo depois de desrespeitar um plebiscito que o impedia de tentar o quarto mandato consecutivo como presidente da Bolívia e fraudar a apuração dos votos.
Roger foi vereador, governador do estado de Pando, dirigente empresarial e sindical, deputado federal e se elegeu senador em 2005. A denúncia de envolvimento com o narcotráfico que fez - fartamente documentada – contra o todo-poderoso ministro Juan Ramon Quintana e seus cúmplices, com a vista grossa de Morales, selou sua sentença de morte.
Perseguido e com processos na amestrada Justiça boliviana, avalizados por Evo, refugiou-se na embaixada brasileira de La Paz, mas foi o mesmo que se esconder no covil dos leões: aliada de Morales, a presidente Dilma Rousseff concedeu-lhe asilo (puro jogo de cena) mas não reagiu às seguidas negativas do presidente boliviano, em flagrante violação ao ordenamento internacional, de conceder a Roger o salvo-conduto para deixar o país.
Quatrocentos e cinquenta e quatro dias depois, ele foi removido clandestinamente da embaixada pelo diplomata Eduardo Saboia e trazido às escondidas até Corumbá. Possessa, Dilma destituiu o chanceler Antonio Patriota e pôs na geladeira do Itamaraty os diplomatas heróis – cujos esforços foram reconhecidos pelos então chanceleres José Serra e depois Aloysio Nunes Ferreira no governo Temer, que os reconduziram ao trabalho diplomático e promoveram Marcel Biato (então embaixador na Bolívia) para a representação brasileira na AIEA em Viena, Eduardo Saboia (secretário da embaixada em La Paz) para a Embaixada no Japão e Manuel Montenegro (conselheiro da embaixada brasileira em La Paz) para o posto de embaixador no Azerbaijão.
Roger morreu em 16 de agosto de 2017, em consequência da queda do avião experimental que pilotava nas imediações de Brasília. Suas cinzas repousam em Cobija, capital de Pando. Sua família está asilada no Acre por causa das perseguições dos aliados de Evo Morales.
Senador Roger Pinto, entrevista para o documentário Missão Bolívia de Dado Galvão. Foto: Arlen Cezar/Missão Bolívia
"Na manhã do dia 16 de agosto completará um ano do falecimento de Roger Pinto Molina em Brasília, após o acidente aéreo ocorrido com o modelo experimental de ultraleve, e sua permanência no Hospital de Base até sua morte.
Sua família está no Acre, morando no Brasil, enquanto perdura o exílio e a condição de família de exilados do governo Evo Morales, mesmo morando ao lado de Cobija, capital do Departamento de Pando, onde ele foi Governador.
Suas cinzas ainda não puderam ser depositados no mausoléu da família em Cobija, no cemitério local boliviano.
Não obtiveram autorização do governo regional e nem Nacional.
É a parte nefasta de qualquer regime autoritário, como é o caso da Bolívia e o da Venezuela.
Quinta-feira (16 de agosto) às (9 hs, com reprise às 22 hs), a TV Educativa do Paraná (canal 9 em Curitiba, 40 em Londrina, além de rede satélite, parabólica comum e internet) transmitirá o documentário "Missão Bolívia" que conta a história do exílio e saída do senador Roger Pinto Molina da Embaixada brasileira em La Paz, após 454 dias retido pelo governo mui amigo de Evo Morales.
A fuga é contada pelo cineasta baiano Dado Galvão que entrevistou os principais personagens envolvidos - os diplomatas Marcel Biato e Eduardo Saboia e o senador Roger Molina.
A difusão do filme acontece no dia em que se completa um ano da morte dele em Brasília, após um acidente aéreo.
Misión Bolivia es el nombre del trabajo producido por el documentalista y promotor del cine activismo, Dado Galvao, sobre la historia del exsenador boliviano Róger Pinto y su relación con el poder
El documentalista Dado Galvao, en una de las escenas de la producción junto a Róger Pinto
La historia del exsenador Róger Pinto Molina y su fuga a Brasil, de la mano del entonces diplomático Eduardo Sabóia, después de haber cumplido más de 450 días de encierro en la embajada de Brasil en La Paz, atrajo la mirada del documentalista brasileño Dado Galvao.
En una producción de 1 hora y 55 minutos, Galvao relata el periplo por el que tuvo que pasar el exsenador pandino que terminó en el exilio. También muestra otros casos de figuras internacionales como Julian Assange, asilado en la embajada de Ecuador, en Londres.
A fines de septiembre de 2015, el Ministerio de Justicia de Brasil autorizó oficialmente el asilo diplomático para el exsenador Pinto, que vivía en Brasilia desde que decidió abandonar territorio boliviano por considerarse un perseguido político.
El documento le fue entregado el 25 de septiembre y tenía validez hasta septiembre de 2017, mes en el que debía ser renovado.
Galvao muestra la cédula de identidad de extranjero de Pinto
Pinto era uno de los principales opositores al Gobierno del presidente Evo Morales. Relacionó su gestión con el narcotráfico y otros delitos e irregularidades. Una vez en Brasilia, Pinto vivió en un departamento en la capital brasileña y hace poco había conseguido un permiso para ser piloto de helicóptero.
El audiovisual incluye el testimonio del diplomático Sabóia, quien al haber ayudado a Pinto a salir del país rumbo a Brasil, generó un terremoto político que llegó hasta Itamaraty.
Mira el documental completo de Galvao sobre la historia de Róger Pinto:
El documentalista Galvao define su labor como cine activismo. En ese afán, también está trabajando sobre otra producción denominada “Misión Ushuaia, Venezuela”, con el objetivo de dialogar con venezolanos, especialmente los jóvenes, además de observar, colaborar y registrar en el audiovisual la situación pre y postelecciones que se realizaron en diciembre de 2015. Se puede acceder a más información al respecto en el sitio web http://www.missaoushuaia.org/
Documentarista Dado Galvão e o senador boliviano Roger Pinto, refugiado no Brasil, durante gravações para o documentário
Missão Bolívia, em Brasilia, agosto de 2013.
Ex-senador boliviano Roger Molina, que morreu depois de um acidente aéreo, já tinha perdido um genro com a equipe da Chapecoense;
Dois acidentes aéreos marcaram, em nove meses, de forma trágica o asilo político do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina no Brasil.
Molina, 58 anos, morreu na madrugada desta quarta-feira (16) no Hospital de Base em Brasília, vítima de uma parada cardiorrespiratória. O avião de pequeno porte que o ex-senador pilotava caiu no último sábado (12), em Goiás.
O avião era pilotado pelo ex-senador
Refugiado no Brasil, ele era sogro de Miguel Quiroga, piloto que morreu no voo do time da chapecoense, em novembro do ano passado, em Lá Union, na Bolívia.
“Uma tristeza. Era meu genro, mas considerava como um filho, porque casou muito cedo com a minha filha e sempre moramos juntos”, contou Molina na época do acidente com a delegação brasileira.
“Se tudo deu certo foi graças aos funcionários da embaixada do Brasil em La Paz, na Bolívia”, a frase foi uma das primeiras ditas pelo ex-senador ao pisar em solo brasileiro, em agosto de 2013. Ele foi resgatado da embaixada do Brasil em Lá Paz, na Bolívia, em uma operação que durou mais de 22 horas.
O senador foi transportado num veículo diplomático, escoltado por fuzileiros fortemente armados até a fronteira do Brasil, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde embarcou num avião com destino a Brasília.
O político da bancada de oposição a Evo Morales afirmava sofrer perseguição após denunciar membros do governo que estariam envolvidos com o narcotráfico.
O cineasta brasileiro Dado Galvão acompanhou a trajetória de Molina desde do asilo na embaixada brasileira, registrada no vídeo documentário “Missão Bolívia”.
Eduardo Saboia chegou a ser afastado de suas funções após coordenar a operação que trouxe o senador boliviano Roger Pinto Molina ao Brasil
O governo divulgou a promoção de quase cem diplomatas, incluindo o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, e de Eduardo Saboia, que em 2012 se envolveu em polêmica quando estava no comando da embaixada brasileira em La Paz, na Bolívia. Ambos foram alçados ao cargo de embaixador.
As nomeações, anunciadas na terça-feira (27) pelo Ministério das Relações Exteriores, devem constar no Diário Oficial da União da sexta-feira (30).
Saboia foi responsável por ajudar o senador Roger Pinto Molina a chegar ao Brasil. Molina fazia oposição ao presidente Evo Morales quando se refugiou na embaixada brasileira. Pediu asilo ao governo brasileiro alegando perseguição política, que foi negado pela então presidente Dilma Rousseff.
Depois de 15 meses, fugiu ao Brasil em operação montada por Saboia sem o consentimento do Palácio do Planalto. A operação acabou por provocar a demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Saboia foi punido com uma suspensão por 20 dias por quebra de hierarquia.
Com sua promoção e a de Parola a embaixador, ambos podem ocupar o cargo máximo em embaixadas brasileiras em outros países. Eles entraram em uma lista divulgada ontem pelo Ministério das Relações Exteriores. As promoções ocorrem a cada seis meses, de acordo com a lei, e são oficializadas por decreto presidencial.
A trajetória da carreira dos diplomatas depende ainda de vagas disponíveis.
Trajetória
Saboia começou a carreira como terceiro secretário, em 1990. Depois de passar pelas segunda e primeira secretarias, tornou-se conselheiro, em 2005. Desde junho de 2009, era ministro de segunda classe.
Além de exercer o cargo de La Paz, Saboia atuou em 2010 como assessor do diretor executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional e, desde seu ingresso no Ministério das Relações Exteriores, teve diversas funções nas divisões econômicas na América Latina.
Desde abril do ano passado, atua como assessor Diplomático da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Após punição, Eduardo Saboia é alçado a embaixador pelo Itamaraty
Diplomata brasileiro caiu em desgraça por ajudar senador boliviano, que se dizia perseguido pelo presidente Evo Morales, a entrar no Brasil. Leia mais aqui
Na foto: Eduardo Saboia ao lado do seu pai diplomata Gilberto Vergne Saboia membro da Comissão de Direito Internacional
das Nações Unidas (CDI) e o ex-prefeito do Rio de Janeiro
César Maia, hoje vereador pelo (DEM-RJ).
O ano de 2016 tem sido bem diferente dos últimos para o diplomata Eduardo Sabóia. Em vez da perseguição política no Itamaraty por ter ajudado na fuga do senador oposicionista boliviano Roger Pinto Molina, em 2013, Saboia acaba de ser agraciado com a Medalha Pedro Ernesto pela atuação no caso.
A homenagem foi proposta pelo vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM-RJ), que disse ver no diplomata um exemplo de "ousadia e coragem, respeitando aquilo que determina a legislação brasileira e do próprio regimento do Itamaraty".
A honaria veio poucos meses depois da inclusão de Saboia no "quadro de acesso" do Ministério das Relações Exteriores, espécie de lista de promoções. Para integrar o quadro de acesso, o diplomata dever receber indicações de colegas, embaixadores e do ministro de Estado. Em julho, o chanceler José Serra incluiu o nome de Saboia após votação expressiva entre os servidores e altas chefias do ministério.
"Agradeço as manifestações de carinho de todos pela minha entrada no quadro de acesso, distinção com que o Ministro José Serra me honrou", disse Saboia ao lembrar que em ocasiões anteriores, "apesar das circunstâncias adversas", recebeu votação expressiva.
"Como estamos no Ano da Misericórdia, aproveito para dizer o seguinte sobre a minha saga boliviana: muitos cometeram erros e eu certamente cometi os meus. Estou convencido de que todos, de uma forma ou de outra, pagamos pelos nossos erros", concluiu.
O diplomata Eduardo Saboia, herói brasileiro que salvou a vida do ex-senador boliviano Roger Molina, entrou no Quadro de Acesso para promoção a embaixador. Começa-se a fazer justiça no Itamaraty. Perseguido no governo Dilma, foi deixado no limbo da carreira pela covardia do então chanceler Antônio Patriota, cujo gabinete chegou a ordenar que Molina fosse confinado a um cubículo, durante o longo e penoso asilo de 456 dias da embaixada do Brasil em La Paz. A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
Eduardo Sabóia foi punido por honrar as tradições da Casa de Rio Branco, desafiando a omissão e a crueldade do governo brasileiro.
Chefiando interinamente a embaixada de La Paz, Saboia percebeu que Molina corria risco de morrer. E assumiu o risco de tirá-lo da Bolívia.
O chanceler José Serra faz justiça a Saboia, mas comete o erro de aceitar a indicação de Patriota para a embaixada do Brasil em Roma.
"Agradeço as manifestações de carinho de todos pela minha entrada no quadro de acesso, distinção com que o Ministro José Serra me honrou. Para quem não é do MRE, aqui vai uma breve explicação. A cada etapa da carreira, o diplomata deve preencher determinados requisitos para ser promovido, tais como tempo de classe, tempo de exterior. Há também requisitos de formação e aperfeiçoamento. Para ser promovido a Ministro, por exemplo, é preciso escrever uma tese e defendê-la no Curso de Altos Estudos. Mas não termina por aí! Cumpridas essas exigências, o diplomata tem que concorrer para o quadro de acesso, isto é, tem que batalhar para ser incluído na pré-seleção de pessoas que podem ser promovidas. Essa lista é produzida a partir de um sistema de votação e de seleção com participação das chefias em vários níveis e do Ministro de Estado. Entrar no quadro de acesso, portanto, depende de uma combinação de apoios de colegas e das altas chefias.
Quero, portanto, agradecer aos colegas que votaram em mim e que defenderam minha candidatura não apenas desta vez, mas também nas ocasiões anteriores em que, apesar das circunstâncias adversas, recebi votação expressiva.
Agradeço minha família e tantas pessoas amigas que me apoiaram e me deram bons conselhos nestes últimos anos. Não podia deixar de dar uma palavra de gratidão ao meu chefe, senador Aloysio Nunes Ferreira, que generosamente me acolheu. Tem sido uma honra trabalhar na Comissáo de Relações Exteriores e um prazer conviver com tantos colegas do Senado.
Como estamos no Ano da Misericórdia, aproveito para dizer o seguinte sobre a minha saga boliviana: Muitos cometeram erros e eu certamente cometi os meus. Estou convencido de que todos, de uma forma ou de outra, pagamos pelos nossos erros. Não cabe a mim fazer essa contabilidade, que, de resto, não me interessa. Todos aprendemos alguma coisa, e é isso o que mais importa. Não devemos esquecer o que foi errado ou eximir a responsabilidade pessoal de cada um. Mas devemos, sim, deixar de nutrir ressentimentos. Temos que cultivar o respeito mútuo e olhar para frente com confiança".
Fotos utilizadas no vídeo nasceram de performance/fotográfica realizada em Jequié/BA, com barcos de papel, bonecos de plásticos, ciclistas e bicicletas. Inspirada na fuga da Sagrada Família para o Egito, (Mateus 2: 13-23).
O Ministério da Justiça autorizou no fim de setembro o asilo diplomático para o ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, que mora em Brasília desde a sua fuga cinematográfica de La Paz, onde estava refugiado na embaixada do Brasil.
O documento, que foi entregue nesta quarta (25) ao boliviano, é válido até setembro de 2017, quando poderá ou não ser renovado.
Opositor do presidente Evo Morales, Molina acusou o Governo bolivariano de associação com o narcotráfico internacional, entre outros crimes, foi ameaçado de morte e se refugiou. Após mais de um ano na embaixada, obteve ajuda do diplomata Eduardo Sabóia e fugiu de carro para o Brasil em agosto de 2013.
Em Brasília, o ex-senador vive em apartamento de um amigo e há poucos meses conseguiu um brevê para piloto de helicóptero. Fonte: Coluna Esplanada
O documentarista baiano da cidade Jequié, Dado Galvão, embarcará dia 30/11 em Vitória da Conquista (BA), rumo ao Aeroporto de Guarulhos (SP), de onde seguirá para Caracas capital venezuelana.
Galvão colocará em atividade o que define como cine ativismo, a realização de uma missão denominada, “Missão Ushuaia, Venezuela”, com objetivo de dialogar com venezuelanos, como cidadãos e cidadãs integrantes do MERCOSUL, especialmente os jovens, observar, colaborar e documentar através das linguagens audiovisual (documentário), fotografar, o cotidiano pré e pós-eleições, anunciadas pelas autoridades da Venezuela para o dia 06 de dezembro de 2015.
USHUAIA
Faz referências ao Protocolo de Ushuaia, assinado em 24 de julho de 1998 na cidade Argentina de Ushuaia, inicialmente pelos quatro estados membros de MERCOSUL, (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), mais dois Estados associados (Bolívia e Chile), reafirmando o compromisso democrático entre os Estados membros do MERCOSUL.
Em 08 de julho de 2004, na XXVI Reunião do Conselho do Mercado Comum, realizada em Puerto Iguazú na Argentina, a República Bolivariana da Venezuela foi admitida como Estado Associado do MERCOSUL.
A Decisão do Conselho do Mercado Comum estabelece a necessidade de adesão ao Protocolo de Ushuaia e à Declaração Presidencial sobre o Compromisso Democrático no MERCOSUL;
Que a democracia e o fortalecimento do Estado de Direito são pilares fundamentais da integração regional.
Em 19 de julho de 2005, na XXVIII Cúpula do MERCOSUL, em Assunção no Paraguai foi aprovada a adesão da República Bolivariana da Venezuela ao Protocolo de Ushuaia sobre o Compromisso Democrático no MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile e à Declaração Presidencial sobre o Compromisso Democrático no MERCOSUL.
CINEMA, SOLIDARIEDADE E MISSÃO.
Galvão seguira sozinho para Venezuela, com ajuda de amigos, onde ficará hospedado na casa do jornalista e escritor venezuelano, Carlos Javier Arencibia (autor do livro “Testemunhos da Repressão”).Inicialmente Missão Ushuaia, Venezuela, contaria com a participação do fotógrafo paraibano Arlen Cezar, que ficou impossibilitado de viajar, os apoios e doações conseguidos pela missão não foram suficientes para cobrir os custos da viagem para duas pessoas.
NA BAGAGEM.
O documentarista baiano levará além de uma câmera, cartilhas e uma bandeira do MERCOSUL, onde cidadãos venezuelanos poderão escrever mensagens na bandeira que será entregue no regresso da missão ao presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, senador Aloysio Nunes.
“Missão Ushuaia, Venezuela pretende promover, provocar na prática a cidadania MERCOSUL, ingressarei na Venezuela, propositalmente no exercício da cidadania, usando uma RG (cédula de identidade)”, afirma Galvão, que pretende entrevistar os embaixadores dos países membros do MERCOSUL na Venezuela, familiares de presos políticos, o arcebispo de Caracas Jorge Urosa Savino, jovens, jornalistas autoridades e opositores, regressando ao Brasil dia 12 de dezembro.
ARGENTINA PEDIRÁ NO MERCOSUL SUSPENSÃO
DA VENEZUELA DO GRUPO.
Segundo informações da Agência EFE, o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, antecipou nesta segunda-feira (23) que, na próxima Cúpula do MERCOSUL, em dezembro, solicitará que seja aplicada a cláusula democrática contra a Venezuela pela “perseguição aos opositores e à liberdade de expressão”.
A Cúpula do MERCOSUL, prevista para 21 de dezembro em Assunção, será a estreia de Macri, que tomará posse dia 10, em encontros internacionais.
“É evidente que cabe a aplicação dessa cláusula porque as denúncias são claras, são contundentes, não são uma invenção”, disse hoje o líder do Mudemos em sua primeira entrevista coletiva após a vitória sobre o governista Daniel Scioli no segundo turno da eleição presidencial, realizado ontem na Argentina.
“A situação que a Venezuela vive sob o governo de Nicolás Maduro não corresponde ao compromisso democrático que nós argentinos assumimos”, acrescentou o presidente eleito, que já tinha antecipado durante a campanha sua intenção de denunciar a Venezuela no MERCOSUL caso chegasse à Casa Rosada.
"Pessoalmente, nossa conduta irá defender Dilma (Rousseff), presidente do Brasil e o Partido dos Trabalhadores", declarou
La Paz, Bolívia - O presidente boliviano, Evo Morales, advertiu nesta sexta-feira (21/8) para o risco de um golpe de Estado no Brasil, o que "não vamos permitir" porque "não estamos mais no tempo de oligarquias e hierarquias".
"Não vamos permitir golpes de Estado no Brasil e nem na América Latina. Vamos defender as democracias", afirmou Morales em uma escola militar em Cochabamba (centro do país).
Morales fez a advertência coincidindo com o 44º aniversário do golpe militar de 1971, que exaltou o então coronel Hugo Banzer, apoiado, segundo os historiadores, por militares do Brasil e da Argentina, com o apoio do Pentágono.
"Pessoalmente, nossa conduta irá defender Dilma (Rousseff), presidente do Brasil e o Partido dos Trabalhadores", declarou Morales, dias após de opositores realizarem várias manifestações no Brasil exigindo a renúncia da presidente.
Morales fez votos para que "o tema do golpe de Estado no Brasil seja somente uma questão midiática. É nossa obrigação defender os processos democráticos, a democracia e especialmente os processos de libertação sem interferência externa".
La Paz e Brasília mantêm certas afinidades políticas, afetadas por um episódio em 2013, quando o senador boliviano opositor Roger Pinto fugiu para território brasileiro em um veículo diplomático e foi protegido por funcionários da embaixada do Brasil em La Paz, onde estava asilado desde maio de 2012.
Após sua incomum entrada no Brasil, Pinto pediu refúgio. A fuga de Pinto gerou uma crise diplomática entre o Brasil e a Bolívia, que levou à saída do chanceler brasileiro Antônio Patriota. O embaixador brasileiro em La Paz não foi reposto desde então.
Por outro lado, Morales e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantiveram as relações bilaterais no mais alto nível.
Dado vai mostrar questões das eleições da Venezuela
O cineasta baiano Dado Galvão, natural de Jequié, prepara uma saga para este ano. Ele vai até a Venezuela em novembro para acompanhar as eleições presidenciais do País e gravar o documentário Missão Ushuaia. O nome do documentário remete ao protocolo homônimo assinado por todos os países que ingressam no Mercosul.
Dentre os pré-requisitos para fazer parte do bloco ecônomico sul-americano, está o respeito à democracia. "O nosso documentário vai seguir essa linha. Se realmente há a violação de direitos humanos e não há segurança na Venezuela, o que ela faz no Mercosul? Por muito pouco o Paraguai foi retirado, após o impeachment de Lugo, e depois foi analisado que seguiu-se a constituição paraguaia", explicou Dado, que mantém o site Missão Ushuaia com matérias sobre questões venezuelanas.
Dado diz ter como objetivo "deixar claro que nem ditadura de esquerda, nem de direita servem à democracia". Ele vai para o País ao lado do fotógrafo paraibano Arlen Cezar. Ambos serão ciceroneados pela ex-modelo e estudante Sairán Rodrigues, de 21 anos, que ficou presa por 5 meses e chegou a ficar 55 sem ver o sol por fazer oposição ao presidente Nicolás Maduro. "Vamos falar com diversos venezuelanos, especialmente com os jovens que foram presos e ainda continuam lutando pela questão da democracia no País", afirmou Dado.
A hospedagem é a única coisa certa. Dado ainda está captando recursos para as passagens aéreas. "Anunciamos nas redes sociais e muita gente fez contato tentando passagens. Tem muitos amigos engajados em ajudar, mas até o momento estamos sem resposta".
O Cineasta Dado Galvão, a jornalista peruana Pilar Celi e o fotografo Arlen Cezar, foram proibidos de entrevistar o Senador boliviano Roger Pinto, que estava asilado (abril/2013) na embaixada do Brasil em La Paz - Bolívia.
Ele também gravou o Missão Bolívia (2014). Nesse documentário, ele pretendia entrevistar Roger Pinto Molina, senador boliviano asilado na embaixada do Brasil no País. Para conseguir, contou com ajuda de políticos e advogados para levarem Molina de carro de La Paz até Corumbá, cidade mais próxima da fronteira da Bolívia. "A gente não conseguia autorização para entrevistá-lo na embaixada. Isso foi um absurdo".
Dado usou como exemplo o caso de Julian Assange, que estava na embaixada do Equador em Londres e deu entrevista coletiva aos jornalistas, para criticar a atitude da embaixada do Brasil."A Contituição é deixada de lado por conta de uma ideologia política", afirmou.
O cineasta baiano Dado Galvão, que fez um excelente trabalho sobre o caso do senador Molina, trazido ao Brasil em operação isolada do diplomata Eduardo Saboya após ficar mais de um ano confinado na embaixada brasileira de seu país, volta à tona com um projeto humanitário, desta vez na Venezuela. Trata-se da Missão Ushuaia. Em mensagem que recebi com o pedido de ajuda na divulgação desse importante projeto, ele explicou melhor o objetivo:
Pretendemos dialogar com venezuelanos (as), como cidadãos e cidadãs integrantes do MERCOSUL, especialmente os jovens, observar, colaborar e documentar através das linguagens audiovisual (documentário), fotografar, o cotidiano pré e pós-eleições, anunciadas pelas autoridades da Venezuela para o dia 06 de dezembro de 2015.
Está feita a divulgação, e espero que o documentarista consiga apoio para esse projeto, e também que dê tudo certo por lá, pois sabemos como os chavistas são brutamontes, ogros, bandidos dispostos a “fazer o diabo” para permanecer no poder e não largar o osso. Esse é um projeto importante para mostrar a realidade venezuelana, país cada vez mais próximo de uma guerra civil, um estado totalmente falido graças ao bolivarianismo, ao socialismo do século XXI, aquele extremamente parecido com o do século anterior em seus resultados.
O governo brasileiro do PT, nem é preciso lembrar, age como cúmplice do regime tirano de Maduro. E sim, quem votou no PT também é indiretamente cúmplice. Se está arrependido, então é hora de ajudar a mostrar a verdadeira face dessa esquerda latino-americana corrupta, autoritária e totalitária.
LA PAZ, 09 Jul. 15 / 12:32 pm (ACI).- Esta foto já deu a volta ao mundo após o primeiro dia da visita do Papa Francisco na Bolívia. O Presidente boliviano Evo Morales presentou o Papa com um Cristo crucificado sobre uma foice e um martelo -símbolo do comunismo. A reação do Papa, além do visível desconforto, foi de reprovação.
Os problemas de áudio das únicas imagens transmitidas a través do vídeo deste encontro não permitem compreender toda a explicação de Morales ao polêmico presente, mas, fica evidente a discordância do Pontífice. Entretanto, uma frase de Francisco em espanhol se destaca no áudio: “No está bien eso”.
“Isso não está bem”, disse o Papa diante da explicação do Presidente boliviano que, parece descrever o presente como uma réplica de uma escultura em madeira, elaborada nos anos 70 por um sacerdote jesuíta espanhol, Luis Espinal Camps, assassinado em 1980 pela ditadura, e por quem o Papa Francisco rezou durante o caminho que o conduziu do aeroporto de El Alto até La Paz.
Pouco antes do momento de intercambiar os presentes e enquanto percorria as ruas de La Paz em direção ao Palácio de Governo, o Pontífice parou no local onde o corpo do sacerdote assassinado foi encontrado, localizado na entrada do bairro de Achachicala. O Santo Padre pediu um minuto de silêncio e depois rezou o Pai Nosso junto aos fiéis.
O presente provocou distintas reações nas redes sociais. Muitas pessoas acusam Evo Morales de querer politizar a visita do Papa Francisco à Bolívia.
Do mesmo modo, católicos de distintos países rejeitaram o gesto de Morales por considerá-lo ofensivo às numerosas vítimas dos grupos terroristas associados ao comunismo na América Latina e outras vítimas dos regimes totalitários.
O Pontífice esteve apenas quatro horas em La Paz, capital da Bolívia, no dia da sua chegada durante a visita apostólica que se estende até o dia 13 de julho.
Após ser recebido pelas autoridades, o Santo Padre se dirigiu ao Palácio Quemado, sede do Governo, localizado perto da Catedral da cidade, para o habitual intercâmbio de presentes com Evo Morales.
Logo depois da reunião privada com o presidente da Bolívia e o intercâmbio de presentes, o Papa Francisco foi à Catedral, onde realizou um encontro com as autoridades. Durante o seu discurso, afirmou que as ideologias incendeiam enquanto a fé ilumina e guia a consciência.
“Os cristãos, chamados a ser fermento no povo, trazem a sua própria mensagem à sociedade. A luz do Evangelho de Cristo não é propriedade da Igreja; Esta é sua serva, para que chegue até aos confins do mundo. A fé é uma luz que não encandeia nem perturba, mas ilumina e orienta no respeito pela consciência e a história de cada pessoa e de cada sociedade humana”. Indicou o Santo Padre.
O presidente boliviano Evo Morales pediu a prisão de um
opositor e o uruguaio José Mujica atendeu(Fernando Llano/AP)
pós solicitação do governo de Evo Morales, um dissidente boliviano foi preso em Montevidéu há três anos, apesar de
não ser procurado pela Interpol, e agora pode ser extraditado
Há um ano, o então presidente uruguaio José Mujica declarou que acolher cinco ex-detentos de Guantánamo era uma questão de princípios, pois o seu país é "historicamente um local de refúgio". Foi acreditando nesta tradição que, em 2009, o advogado boliviano Alejandro Melgar Pereira, que também tem cidadania uruguaia, mudou-se para Montevidéu para viver juntos aos seus pais. Em abril de 2012, porém, Melgar foi preso pela polícia uruguaia a pedido da Bolívia. A ordem de captura era uma solicitação sem valor legal, pois não tinha a chancela da Interpol, a organização internacional de cooperação policial. Três dias depois, a própria secretaria-geral da Interpol enviou um e-mail para Montevidéu negando ter emitido a ordem de prisão e afirmando que a instituição não poderia ser usada para prisões políticas (veja trechos do documento abaixo).
A polícia e a Justiça do Uruguai ignoraram o blefe da Bolívia e mantêm Melgar preso até hoje. Nos últimos três anos, os familiares e defensores do advogado boliviano reuniram um conjunto de provas que colocam sob suspeita o processo legal conduzido pelas autoridades bolivianas. Entre os documentos, háconfisões de desertores que revelam que o governo Morales armou um processo judicial para desqualificar e prender opositores políticos.
E-mail enviado sede da Interpol na França atestando
não haver ordem de prisão contra o boliviano
Alejandro Melgar(VEJA.com/Reprodução)
A trama que resultou em sua prisão teve início em 2009. Naquele ano, Melgar estava na Argentina representando a Bolívia em uma competição internacional de tiro quando o governo de Evo Morales deflagrou uma operação na cidade de Santa Cruz de La Sierra que resultou na morte de três pessoas e na prisão de outras duas, todas acusadas de fazerem parte de uma "célula terrorista" que tinha como objetivo matar o presidente.
Logo após as execuções, grupos de elite do exército invadiram dezenas de casas em busca dos cúmplices da suposta trama. Uma das casas invadidas foi a de Melgar, que por causa da ameaça de ser preso, ou morto, jamais voltou ao seu país. A ação serviu de pretexto para o governo indiciar 39 dissidentes políticos marcados por Evo como líderes dos protestos contra o seu governo em 2008. O responsável pelo indiciamento foi o promotor Marcelo Soza.
No ano passado, Marcelo Soza desembarcou no Brasil e apresentou um pedido de refúgio ao governo brasileiro. Soza entregou ao Ministério da Justiça uma carta em que diz ser perseguido por Evo Morales. O motivo, segundo ele, é o fato de ele ser um arquivo vivo das ações de fachada para perseguir os opositores do governo, entre as quais o processo contra Melgar. Segundo o promotor, a suposta célula terrorista de Santa Cruz de La Sierra não passou de uma armação do governo para justificar as perseguições.
Em documento protocolado junto ao Ministério da Justiça no Brasil, Soza diz que toda trama foi comandada diretamente pelo presidente Evo Morales e pelo vice-presidente Alvaro Linera, que designou o seu irmão Raúl para comandar as fraudes. "A organização da investigação, a infiltração entre os supostos terroristas, o atentado contra a casa do arcebispo e a própria operação que resultou na morte de três pessoas foram coordenadas pelo irmão do vicepresidente", escreveu Soza.
Carta em que o procurador boliviano Marcelo Soza revela como
o governo da Bolívia usa a Justiça para perseguir opositores(VEJA.com/Reprodução)
Mesmo com a confissão de que o processo contra Melgar foi uma armação, o governo uruguaio não se se moveu no sentido de contrariar o pedido de Evo Morales. Melgar permaneceu preso e sem julgamento. Somente em abril deste ano, um mês após a posse do presidente Tabaré Vázquez, um tribunal de primeira instância decidiu pela extradição de Melgar. Melgar recorreu. VEJA procurou a Presidência da República e a Suprema Corte de Justiça do Uruguai para comentar sobre o caso, mas não obteve resposta.
Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira se absteve de acompanhar a comitiva de oito senadores que foi hostilizada na Venezuela nesta quinta-feira (18). Após recepcionar os visitantes no aeroporto, o diplomata se despediu. Alegou que tinha outros compromissos. Agiu assim por ordem do Itamaraty.
O governo brasileiro avaliou que a participação direta do embaixador numa comitiva cujo principal objetivo era visitar na prisão o líder oposicionista venezuelano Leopoldo Lópes causaria problemas diplomáticos com o governo pós-chavista de Nicolás Maduro. Algo que Dilma Rousseff não quer que ocorra.
“O embaixador nos virou as costas”, disse ao blog o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), após desembarcar na Base Aérea de Brasília na madrugada desta sexta-feira (19). Vinha de uma missão paradoxal, que teve sucesso porque fracassou.
Destratados por manifestantes leais a Maduro e retidos nos arredores do aeroporto por um bloqueio das vias públicas, os senadores retornaram a Brasília sem cumprir a agenda que haviam programado. A frustração virou êxito porque o governo de Caracas revelou-se capaz de tudo, menos de exibir seus pendores democráticos.
“Entre a cumplicidade com o regime ditatorial de Maduro e a assistência a cidadãos brasileiros em apuros, a nossa diplomacia preferiu o papel de cúmplice”, queixou-se o tucano Cunha Lima. “O que aconteceu ficou acima das piores expectativas”, ecoou o também tucano Aécio Neves (MG). “Uma missão oficial do Senado foi duramente agredida e o governo brasileiro nada fez para nos defender.”
Horas antes do desembarque dos senadores na Base Aérea de Brasília, ainda na noite de quinta-feira (18), um grupo de deputados estivera no Itamaraty para conversar com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores). Enquanto aguardavam pelo início da audiência, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) acionou o viva-voz do celular para que os colegas ouvissem um relato direto de Caracas.
Do outro lado da linha, o senador Ricardo Ferraço contou o que sucedera. E realçou a ausência de Ruy Pereira, o embaixador brasileiro em Caracas. Assim, armados de informações recebidas do front, os deputados entraram no gabinete do chanceler Mauro Vieira dispostos a crivá-lo de perguntas incômodas.
O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA) indagou: por que o embaixador recebeu a comitiva de senadores no aeroporto e foi embora? O ministro alegou que o diplomata não poderia acompanhar os visitantes numa incursão ao presídio onde se encontra o oposicionista Leopoldo Lópes. Sob pena de provocar um incidente diplomático.
Charge: Roque Sponholz
Raul Jungmann foi ao ponto: de quem partiu a ordem? O chanceler informou que o embaixador seguiu orientação do Itamaraty. Jungmann insistiu: então, ministro, o senhor está declarando que o governo brasileiro deu a ordem para que o embaixador se ausentasse? O ministro respondeu afirmativamente.
Pouco depois desse encontro, o Itamaraty soltaria uma nota oficial sobre o fuzuê de Caracas. Em telefonema para Dilma, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cobrara uma manifestação formal de repúdio do Executivo. O texto anota que “o governo brasileiro lamenta os incidentes que afetaram a visita à Venezuela da Comissão Externa do Senado e prejudicaram o cumprimento da programação prevista naquele país.”
Não há na nota nada que se pareça com uma crítica ao governo de Nicolás Maduro. “São inaceitáveis atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros'', escreveu o Itamaraty, como se desse crédito à versão segundo a qual os militantes que cercaram a van que transportava os senadores brasileiros brotaram na hora e no local exatos sem nenhuma interferência do governo venezuelano.
Como que farejando a repercussão negativa da ausência do embaixador na hora da encrenca, o Itamaraty enumerou os serviços prestados pela embaixada brasileira em Caracas. “Solicitou e recebeu do governo venezuelano a garantia de custódia policial para a delegação durante sua estada no país, o que foi feito'', diz a nota. “Os policiais, embora armados, assemelhavam-se a agentes de trânsito do Brasil”, comparou o tucano Cunha Lima. “Nada fizeram para conter as hostilidades. Se a coisa descambasse, não creio que impediriam o pior.”
“O embaixador do Brasil na Venezuela recebeu a comissão na sua chegada ao aeroporto”, acrescentou o Itamaraty em sua nota. E Cunha Lima: “Sim, recebeu, mas virou as costas e foi embora”.
“Os senadores e demais integrantes da delegação embarcaram em veículo proporcionado pela Embaixada, enquanto o embaixador seguiu em seu próprio automóvel de retorno à embaixada. Ambos os veículos ficaram retidos no caminho devido a um grande congestionamento”. Se o embaixador ficou retido, ninguém soube. Impedidos de prosseguir, os senadores viram-se compelidos a retornar para o aeroporto. O diplomata Ruy Pereira não deu as caras.
O texto do Itamaraty compra como verdadeira uma informação contestada pela venezuelana María Corina Machado, deputada cassada por divergir de Maduro. O bloqueio foi “ocasionado pela transferência a Caracas, no mesmo momento, de cidadão venezuelano extraditado pelo governo colombiano”, sustentou o documento da chancelaria brasileira.
E María Corina, no Twitter: “Está totalmente trancada a autopista porque ‘estão limpando os túneis’ e por ‘protestos’. Se o regime acreditava que trancando as vias impediria que os senadores constatassem a situação de direitos humanos na Venezuela, conseguiu o contrário. Em menos de três horas, os senadores brasileiros descobriram o que é viver na ditadura hoje na Venezuela.''
“O incidente foi seguido pelo Itamaraty por intermédio do embaixador do Brasil, que todo o tempo se manteve em contato telefônico com os senadores”, acrescentou a nota oficial. “O embaixador ficou nos tapeando pelo telefone”, contestou Cunha Lima. Recebeu orientação do Itamaraty para fazer isso.”
Ainda de acordo com a nota do Itamaraty, o embaixador Ruy Pereira “retornou ao aeroporto e os despediu [sic] na partida de Caracas.'' Na versão de Cunha Lima, o retorno do diplomata serviu apenas para reforçar a pantomima. “Ele dizia que estava muito distante. Quando decidimos partir, apareceu em menos de cinco minutos. Eu me recusei a cumprimentá-lo. O senador Ricardo Ferraço também não o cumprimentou.
“À luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, o governo brasileiro solicitará ao governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido”, encerrou a nota do Itamaraty. Para os congressistas, quem deve explicações no momento é o governo brasileiro.
O deputado Raul Jungmann formalizará na Câmara pedido de convocação do chanceler Mauro Vieira e do embaixador Ruy Pereira para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara. Cunha Lima requisitará a presença da dupla na Comissão de Relações Exteriores do Senado. De resto, os parlamentares se reunirão nesta sexta-feria, na liderança do PSDB no Senado, para decidir as providências que serão adotadas em reação aos episódios de Caracas. Uma delas é cobrar do governo Dilma que coloque em prática a cláusula democrática prevista no tratado do Mercosul.