A aprovação do novo embaixador brasileiro em La Paz poderá ocorrer só depois do esclarecimento de detalhes sobre a fuga para o Brasil do senador oposicionista boliviano Róger Pinto Molina, há um ano. Essa é a proposta de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), relator da mensagem presidencial da indicação de Raymundo Santos Rocha Magno para o cargo.
O primeiro relator da mensagem, enviada ao Congresso em agosto do ano passado, foi Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Ele apresentou um pedido de informações ao Ministério das Relações Exteriores a respeito da fuga de Molina com o auxílio do então encarregado de negócios brasileiro em La Paz, Eduardo Saboia. Molina se diz vítima de perseguição política em seu país e cruzou a fronteira para o Brasil após passar 15 meses na embaixada brasileira.
Jarbas pretendia saber quantas correspondências foram enviadas por Saboia ao Itamaraty a respeito do caso e qual o conteúdo das mensagens. O senador ponderou que não se justificaria o envio, naquele momento, de um novo embaixador à Bolívia, uma vez que ainda existiam “pendências a exigir esclarecimentos”. Em dezembro, insatisfeito com as respostas, Jarbas devolveu a mensagem à comissão. Em maio deste ano, Aloysio foi indicado como novo relator.
Aloysio observa que, nos meses que se seguiram ao requerimento de informações, as dificuldades nas relações bilaterais “voltaram a aflorar”. Após a fuga de Molina, o então ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo. O novo ministro visitou a Bolívia em abril e, segundo o relator, não teria obtido a esperada renovação do fornecimento de gás boliviano a Cuiabá.
O senador acrescentou que o governo boliviano acirrou as críticas ao Brasil por supostos danos ambientais provocados pelas Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio.
Todo o quadro levou o relator a solicitar informações adicionais ao Itamaraty. O parecer poderá ser colocado em votação na próxima reunião da comissão, provavelmente em setembro.
Fonte: Jornal do Senado